segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quinta Noite

Mais uma noite postada. Dessa vez resolvi acrescentar algo a mais (Valeu pela idéia, Paula). Vamos ver se vai ficar bom.... Será que tem realmente pessoas lendo isso? >XD

Sem mais delongas,


Quinta Noite



Paula estava de pé no topo do parapeito do prédio. Seu cabelo negro bem curto esvoaçava um pouco devido ao vento, os olhos cor de mel fixados na fauna noturna metropolitana que cruzava as ruas a toda velocidade. “O que estava fazendo ali?” Era o que a menina se perguntava todos os dias de seus 18 anos. Ela passava cada dia esperando o próximo, como quem aguarda a chegada de algo importante que nunca a encontrava. Seu vestido branco dançava envolta de suas pernas e uma brisa mais forte a fez perder o equilíbrio, quase caindo. Seu coração acelerou no instante em que o pé escorregou e sentiu a firmeza do chão sumir sob seus pés.

A menina despencou com força e sentiu a pancada da cabeça no chão da cobertura do prédio. Ela caíra na parte de dentro. Sentiu a cabeça aquecer conforme o sangue escorria pelo ferimento provocado pela queda. Passou os dedos no ferimento e olhou encarando o vermelho rubro que os cobriam. Ela sorriu desapontada. “Porque caí na parte de dentro?”, a pergunta ecoou na mente de Paula por um longo tempo enquanto ela continuava deitada no chão com uma pequena poça avermelhada se formando ao seu lado e, aos poucos, tingindo seu vestido e deixando seus olhos pesados.

Enquanto sua consciência desaparecia, Paula viu em sua visão turvada uma pequena bola de luz descer do céu escuro e parar sobre ela. A menina ergueu um pouco a mão manchada de sangue e a afundou na luz antes de seus olhos fecharem completamente.

Era uma sensação quente. O vento corria por seu rosto e ela sentia que flutuava envolvida por aquele calor aconchegante.

- Paula? Acorda! Vamos, menina! Não faz isso comigo!

Paula sentiu uma dor aguda na cabeça no local do machucado. Ela Apertou os olhou e tentou abri-los, tendo que apertá-los até acostumar com a luz.

- Isso! Boa menina. Agora levanta, não temos muito tempo.

A menina sentou no chão. O dia estava amanhecendo. Ela olhou em volta procurando quem estava conversando com ela. Mas tudo que achou foi a mancha da poça de sangue – seu sangue – no chão. Ela se impressionou com o tamanho da poça e ficou se perguntando quanto sangue teria perdido.

- Rápido, Paula. Eles vão te alcançar!
- Quem vai me alcançar? Aliás, quem é você?! – Perguntou a garota enquanto se levantava com certa dificuldade.
- Não importa. Não agora... eles estão chegando, precisamos tirar você daí!
- Do que você ta falando...?

Nesse instante, três homens apareceram vindos de algum lugar que a garota não conseguiu saber. Eles usavam roupas pesadas, um deles andava sobre os quatro membros enquanto os outros dois portavam armas. Ela gelou. Pensou em correr, mas seu corpo não obedecia, as pernas tremiam e o suor escorria por seu rosto. A garota começou a olhar em volta procurando algum lugar para se esconder, porém o homem sobre os quatro membros fungou o ar do ambiente e gritou para os outros dois algo que Paula não conseguiu entender. Eles, por sua vez ergueram as armas na direção da menina, que apenas fechou os olhos o mais apertados que pode e prendeu a respiração. Então a voz gritou novamente em sua cabeça.

- Paula, CORRE!

As pernas dela começaram a se mover como se tivessem vontade própria, a garota disparou tão rápido como nunca tinha feito na vida e, em um movimento, apoiou o pé no para-peito e saltou para o edifício vizinho, perdendo o equilíbrio ao aterrissar e rolando algumas vezes. Da outra cobertura, os três homens olhavam parecendo tão incrédulos quanto a própria Paula, que ainda de joelhos, suando e com uma das alças do vestido penduradas, os encarava com os olhos arregalados.

A voz voltou a mandá-la correr e ela o fez. Dessa vez cruzando aquele prédio e pulando para o próximo, então, prendendo a respiração, saltou aterrissando no topo de um poste na rua, onde pegou impulso e pulou novamente para o telhado de uma casa próxima. Os três se entreolharam e sorriram, mostrando os grandes caninos seguidos do brilho rubro no olhar. A maldita garota finalmente tinha sido encontrada. Então, ainda nos primeiros instantes em que a fumaça começava a exalar de seus corpos e a sensação das chamas se formarem em seus corpos, os três desapareceram em alta velocidade para voltar às sombras a que pertenciam.

Paula continuou a correr por um bom tempo. Seu vestido tremulava conforma ela pulava por cima das construções sem nem mesmo se dar conta da inumanidade de seus feitos. As ruas ainda estavam vazias, mas ela se movia tão rápido que dificilmente alguém poderia notar sua presença. A voz se calara fazia algum tempo, mas ela sabia pra onde ir.


Sentado no banco no topo de um prédio condenado, no meio do que mais parecia ser um jardim suspenso, um senhor vestindo um sobre-tudo branco, barba trançada, óculos escuros e longos cabelos brancos presos na ponta sorriu ao ver a menina chegar. Paula o encarou por alguns instantes, então se aproximou.

- Você demorou, Paula. - Eu... Era o senhor quem tava falando comigo, não era? - Sim, mas infelizmente demorei muito pra achar você, criança. Então não poderei explicar-lhe tudo que precisa saber.

Paula não entendeu direito. Então o velho pegou um grande livro fechado por correntes douradas com uma bela capa de madeira coberta de símbolos estranhos a menina.

- Isto é seu agora. Preciso que o proteja. Vão tentar tomá-lo de você, mas não vão conseguir, por que você não vai deixar. Queria poder ensinar como, mas meu tempo é curto. Porém, alguém irá aparecer para ensiná-la, criança. Então, guarde este livro. Ele é a sua vida... e a de todos.
- Como ass... – Paula teve que ser rápida para pegar o livro antes que ele caísse no chão, quase não conseguindo e tombando de joelhos no processo.
– Hei! Não solta o livro assim!


Contudo, ao levantar os olhos para encarar o velho, Paula encontrou apenas um banco vazio com alguns pontos luminosos ainda se apagando. A garota observou a cena por alguns instantes, então voltou a olhar para o livro, notando que sua mão esquerda, antes suja de sangue, agora estava coberta por símbolos esquisitos em vermelho, que cintilavam em sua pele clara conforme ela encostava no estranho livro. Aos poucos, um sorriso foi se abrindo em seu rosto.

Parecia que o algo importante que ela sempre esperara a havia encontrado.

Um comentário:

Unknown disse...

Pq vc é tão foda?u__u

te amo

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