quarta-feira, 21 de abril de 2010

Primeira Noite

Bom, história que resolvi fazer pra passar o tempo. São várias noites diferentes contadas numa ordem não cronológica, mas que podem ser lidas na ordem depois... Bem, mais ou menos. Nem toda noite serão necessariamente os mesmos personagens, mas todas partes da mesma história. =]

Então é isso.

Primeira noite

Thiago abriu os olhos lentamente, ainda com a visão um pouco nublada. O vento frio batia em seu rosto enquanto o rapaz ouvia o bater de asas de alguns pássaros ao longe. Passou a mão direita pelo rosto e esfregou, ainda tentando despertar completamente e sentou-se no banco quase em câmera lenta. Seus pés não conseguiram achar o chão. Ele olhou pra baixo por reflexo, deparando com a distância de 11 andares entre seus pés e a calçada. Com o susto, o rapaz se jogou para trás, caindo para a parte de dentro da cobertura do prédio onde estava e conseqüentemente, encontrando um jovem sentado um pouco mais atrás dele, sobre um bloco de concreto de aproximadamente meio metro.

O desconhecido sorriu amigavelmente para Thiago enquanto acenava de leve com uma das mãos, então se levantou apoiando as mãos no joelho e limpou o jeans verde escuro antes de se aproximar.

- Cara, você dorme muito! Sabe a quantas horas tô aqui esperando pra falar contigo? – resmungou o rapaz ainda sorrindo.

- Hein? Comigo? Que que cê quer? Aliás – falou Thiago com esforço enquanto se virava e ficava de pé – o que eu tô fazendo aqui?!

- Dormindo, né, amigão? Dormindo e roncando! Mas tudo bem, é tua primeira noite mesmo. Então, você quer a versão clássica do discurso ou posso fazer o resumo?

- Discurso? Do que cê ta falando?

- Versão resumida, então. – escolheu Rhuan despreocupadamente – Cara, parabéns! Você é um vampiro!

- QUÊ? Tá de sacanagem com a minha cara? Não tenho tempo pra isso, não, ô loirinho. – caçoou – agora dá licença que não sou chegado nessas coisas não.

Rhuan deu um leve suspiro e uma olhadela no horizonte de cima do prédio. Ele podia ver as ondas quebrando na praia de Copacabana dali. E como se abanasse uma mosca, acertou no rosto de Thiago um tapa com as costas da mão. O rapaz não teve nem mesmo tempo de reagir. Foi arremessado através da metade da cobertura, se chocando contra a parede da estrutura do elevador e quicando de volta para o chão. Sua visão embaçada via tudo rodar, ao mesmo tempo que sentia alguns ossos partidos do lado direto do corpo e tossia um pouco de sangue.

- Acho que isso deu pra convencer né, cara? Não tô com tempo pra te fazer acreditar em mim. Tenho muita coisa pra mostrar para você, e daqui a pouco o sol nasce. E aí a gente brilha... Não do jeito que você tá pensando. É mais do tipo combustão espontânea, sabe qual é? Uns dez segundos e você tá saindo fumaça, um minuto e você tá berrando enquanto vira churrasco. Legal, né?

Thiago ouvia o discurso de Rhuan de forma distante, ainda vendo o mundo girar pela pancada que levara.

- Agora, levanta que tá na hora da lição número 2.

Rhuan ajudou Thiago a se levantar e os dois desceram pelo elevador até o térreo do prédio. Durante a descida, o rapaz foi sentindo seus ossos estalando e retornando ao lugar, num processo nada agradável de se passar. O suor escorria por seu rosto enquanto ele encarava o companheiro que apenas balançava despreocupadamente a cabeça acompanhando a música de fundo que tocava.

Em pouco tempo ambos estavam atravessando o hall de entrada do prédio, despercebidos pelos outros visitantes. Rhuan acenou de leve para uma bela arrumadeira morena, que sorriu de volta para o rapaz. Ele era alto, olhos castanhos e cabelo castanho claro ondulado. Usava calça jeans verde escuro, jaqueta vermelha e blusa branca. Não devia ser muito mais velho que Thiago, pelo menos era o que parecia. Thiago era um pouco mais baixo, calça jeans de um azul desbotado, all star branco e blusa preta do Audio Slave. Mantinha o cabelo bagunçado que, assim como os olhos, era negro. Havia acabado de passar no vestibular de história, mas sua verdadeira paixão era a fotografia. A última coisa que lembrava era de ter ido à orla para fazer algumas fotos aproveitando a luz do anoitecer e, de repente... Acordar no alto do prédio.

Saíram do prédio e foram caminhando pelo calçadão. Thiago via o companheiro observar tudo com um interesse arteiro, enquanto ele mesmo ainda se recuperava agüentando a dor de alguns ossos de seu ombro se curando de fissuras.

- Sabe, você vai precisar comer logo, logo.

- Hei! Comer? Tipo, chupar sangue alheio?

- E de que outra forma seria, cara? Vou te mostrar como fazer nas horas de aperto, antes que tu fique maluco correndo por aí.

Os dois seguiram até as ruas menos movimentadas e se acomodaram no banco de um ponto de ônibus. Thiago começava a sentir as primeiras contrações em seu corpo, como se seu organismo pedisse por alimento.

- Falei que tu ia precisar comer. Mal nasceu e já teve que consertar o ombro esmagado.

- De quem foi mesmo a culpa hein?

Thiago ficou com um ar meio emburrado e meio sem graça, o que fez o companheiro rir.

- Então, Thi... Posso chamar de Thi, né? Que tipo você prefere?

- Como assim tipo?

- Loiras, morenas... homens?

- Porra! Tá achando que sou o quê?

- Que foi? Só por que sou vampiro? Não tenho preconceito com a preferência dos outros, não. Eu gosto de ruivas! –acrescentou o vampiro abrindo um largo sorriso infantil.

- Vou ter mesmo que chupar o sangue de alguém?

- Beber o sangue, chupar é pejorativo demais, cara. Vai sim, isso ou tu definha aí até morrer de vez.

- Acho que não vou conseguir, não. Só de pensar já embrulhou o estômago.

- Relaxa, é tua primeira noite. Tu vai ver que daqui uns tempos vai ser que nem ir em lanchonete. Olha o que tem, escolhe e come.

- Mas é gente!

- Comida. Você fica com pena de comer hambúrguer por que mataram a vaca? Então. Não vai demorar pra você não ligar de beber sangue por que matou alguém.

Os dois se entreolharam por alguns instantes até que uma jovem loira, de vestido azul claro e curto parou esperando seu ônibus, que fez Thiago lembrar de uma garota da faculdade. A barriga de Thiago voltou a contrair ainda mais forte. A garota usava um perfume doce. Rhuan sorriu ao ver os olhos de Thiago se enrubescendo rapidamente. Ela sentiu sua cabeça ser puxada pra trás enquanto era derrubada de bruços no chão. Thiago percebeu que o cheiro doce não era perfume, e sim sangue. Ela sentiu duas agulhas se cravando na base do pescoço e tentou se debater. Thiago segurou firme os punhos da garota com uma das mãos, enquanto envolvia seu pescoço com a outra. Ela tentou gritar, mas sua voz não saía. Ele nunca tinha provado algo tão bom na vida.

O sol apareceu no horizonte enquanto Lucy, a vigia de Rhuan, acabava de fechar as pesadas cortinas do quarto de hotel que o vampiro morava. Ele já estava em transe na grande cama, enquanto Thiago apagou no sofá depois de ter repetido a refeição três vezes e não se recordar disso. Foi a primeira vez que perdera o controle para a besta. E não seria a última, nunca é.

8 comentários:

Aneeenha disse...

Gostei. Gostei muito. *-*

Sua forma de escrever lembra muito minhas estórias. :}~

Quero saber como continua. Não me deixe na expectativa, ok?

Huayauysa XD

Parabéns ^^

Mei disse...

Muito maneiro.

Seria bom se tivesse uma continuação *_*

... e eu gostei do Rhuan de primeira >XD

Déa disse...

Muito bem escrito Pedro.
Bjs e sucesso! :)

Allan disse...

Cara gostei muito principalmente do gosto desse Rhuan e posta logo a proxima se não vou te perturbar u.ú

Tenshi disse...

Po me amarrei.. mais só tinha algo estranho, vampiro tem sudorese?

Shadowmoon disse...

Por ser recém-transformado, sim. O corpo ainda tá se adaptando...

Fabricio~Raito disse...

Uhuuu *-*
Que bom que resolveu postar a historia no blog ;D
Nice shot (Y)
dghaysgdyagsydas

Anônimo disse...

Amei o Rhuan ele é perfeito. E a historia esta ótima!

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